Carlos Alberto Lopes

quarta-feira, junho 27

A VOLTA DE MARIA DAS DORES

Havia seis anos que Maria das Dores deixara o Sítio, em companhia de um turco, vendedor de panos coloridos, frascos de água-de-cheiro e colares de contas coloridas de vidro barato, que as meninas da região diziam ser a última moda lá na Capital.
Seu pai pedira para o "mascate" levá-la, pois não encontrava meio de sustentá-la, sendo "alugado" do Coronel Edmundo Borges dono das terras e de certa maneira, dono dele também, já que a conta que tinha no Armazém do Coronel, ele não conseguiria pagar, mesmo vivendo cem anos. E tinha também, o caso da filha do compadre Leôncio, a menina Joana, que enquanto o Coronel não levou para a Casa Grande, não sossegou...
Um ano depois, a menina voltou para casa, "buchuda", e o Coronel espalhou para os quatro cantos, que a menina, na época com treze anos, era "quenga"...
O compadre Leôncio, teve um ataque e foi para a terra dos "pés-juntos", por vergonha, deixando a pequena Joana como distração para os peões...
Não queria aquilo para Das Dores, por isso, resolveu entregá-la ao turco... ele cuidaria bem dela, e lá se foi Das Dores e o turco "mascate"... isso há seis anos...
O sol resolvera anunciar que o dia era perfeito...
O mormaço iniciava-se, estorricando os poucos pés de mato, que conseguiam viver naquele deserto, onde só viam o novo dia, os homens fortes e os bois valentes...
Com o sol à pino, já quase ao meio-dia, um menino de seus doze anos, chegou à porta do casebre, trazendo um telegrama ao velho "alugado".
Como o matuto não soubesse juntar as letras, pediu ao menino, que soletrasse o que dizia aquele pedaço de papel...
O menino, com dificuldade, leu o telegrama:

_"Pai, chego no trem das duas. Beijos em todos.
Das Dores."

Agradecendo ao garoto, com uma lágrima já pendurada no canto dos olhos, o "alugado" entrou em seu casebre e aos berros avisou à velha mãe, que a filha voltava, enquanto vestia sua melhor roupa e calçava suas botinas, que herdara do finado Leôncio, que Deus o tenha, e partia em carreira para a Estação, para esperar o trem, pois, sua Das Dores voltava...
Chegou ele à Estação, quando o trem começava a apontar na curva do Cemitério, junto à ponte, e já se podia ver a velha "Maria-Fumaça", entrando majestosa na linha reta que a traria à Estação...
O coração do velho pulava tanto quanto os vagões balançavam...
A mente do pai aflito fazia-lhe perguntas...
_"O que traria Das Dores de volta?"...
_"Será que estava doente?..."
Estático, permanecia o velho "alugado" na Estação, com os olhos fixos na Locomotiva e nos três vagões de passageiros, que a velha máquina teimava em puxar desde a Capital...
Finalmente o trem parou...
Descem vários peões e... Maria das Dores!...
Vestia um conjunto de brim, com saia pouco acima dos joelhos, colar de pérolas legítimas ao pescoço, e cabelos impecavelmente penteados.
Dois minutos depois, o velho "alugado", cai para trás...
O médico do Posto de Saúde, depois de examinar o ancião, deu o diagnóstico:
_"Enfarto do miocárdio... morte instantânea!"
Das Dores, desesperada, abraça-se ao companheiro de viagem, que teria ido à Capital especialmente para buscá-la.
Quando o Chefe da Estação chegou perto da cena que ali acontecia, antes mesmo de cumprimentar Das Dores, estendeu a mão ao seu companheiro e disse:
_"O que posso fazer pelo senhor, Coronel Edmundo Borges

Um comentário:

Lady Dell disse...

Gostaria de te presentear pela passagem do seu aniversário e tb pela chegada da primavera!!!!


Ja é primavera!!!
posso sonhar...
posso entender melhor...
o colorido...
que só as flores...tem..
quero acordar e sentir...
o doce sabor da
Primavera!!
Não importa se
o jardim....está sem flores....
tudo na vida pode ser...
do jeito que vc imagina....
vou encher a casa de flores..
só pra sentir...o doce e
colorido sabor da primavera!!
Se não há flores...eu compro...
se o ceu estiver cinza....
eu dou um colorido....e se o sol
se esconder...brincarei com a chuva!!