Carlos Alberto Lopes

quinta-feira, junho 28

NUM HOUVE TEMPO

Maria era uma humilde do campo, que havia saído do sitio de seus pais com o casamento, e viera para a casa de seu marido, na cidade.
Casinha pobre, construída pelas próprias mãos, com três cômodos de alvenaria, com pintura de azul claro por fora, um amarelo indefinido por branco, com piso de vermelhão, que Maria acostumou-se a manter encerado. O casal, sem filhos, viveu naquela casinha, ao pé do morro, mais de dez felizes anos.
Cremente, marido de Maria, era pedreiro por conta, trabalhando somente por empreitada mesmo assim, nada faltava ao casal, pois Maria lavava roupa para fora e contratada foi para lavar roupas de um motel, que ficava na estrada.
O casal não possuía parentes, a não ser um ao outro.
Certo dia, com uma milhar, Cremente ganhou no bicho.
Foi uma festa, com bolo de fubá e refrigerante de garapa!
Naquela mesma semana, entrou na pequena casinha uma geladeira nova e uma TV à cores, coisas que Maria “namorava” a muitos anos.
_Viver só de juros, é pecado!
Diria Maria, quando Cremente lhe contou que o gerente do banco, onde aplicou o dinheiro, avisou-lhe que o juro mensal da aplicação, dava mais do que o dobro do que eles ganhavam por mês, trabalhando de sol à sol.
Em poucos meses, só com os juros, conseguiam o suficiente para comprarem um bom terreno na beirada da estrada.
Alguns meses depois, Cremente começou a construção da nova casa, feita com bom material e no capricho!
A nova casa ficava frente a curva da estrada, no final de uma ladeira.
Possuía um bom quintal na parte, onde Maria montada uma pequena horta, de onde tirava as verduras para o dia à dia.
Nada faltava ao casal, pois o capital estava bem aplicado e os juros, lhes dava uma boa renda.
Num sábado pela manhã, Cremente resolveu dar uma boa limpeza na horta e Maria resolveu ajuda-lo pois gostavam de ter longas conversas.
No alto da ladeira, antes da perigosa curva, uma carreta com grande peso, perdeu os freios.
A carreta, desgovernada, não pode fazer a curva....
Não houve como evitar....
O quintal da frente da bela casinha foi destruído.....
Não houve tempo para fugas......
Não houve tempo para nada.......

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