Carlos Alberto Lopes

quarta-feira, junho 27

ASFALTO

O prefeito da pequena cidade, eleito faziam menos de dois meses, enfrentava como podia a cobrança da população, tendo em vista suas promessas de campanha.
Prometera sem pensar nos conseqüências, que iria asfaltar cem por cento da cidade, mas esqueceu de que os cofres da cidade não tinha recursos, para a obra de asfaltar a cidade.
As cobranças do povo, no entanto, eram constante e direito, não dando trégua nem ao prefeito e nem aos seus assessores, e a coisa já estava incomodando o bom andamento da administração, pois nenhum funcionário da prefeitura podia circular pela cidade, sem ouvir as cobranças pela promessa feita.
De certa forma, a cidade tinha lá suas razões, pois o Juvenal, motorista de taxi, comprou um carro usado do Mário Quitandeiro.
No registro , mandou colocar a cor do carro, ou seja: mostarda, e assim foi feito o registro oficial, só que o Juvenal não falou com o Mário, quando fez o documento.
Na primeira chuva que caiu, pesada como sempre, o Juvenal descobriu que havia cometido um erro, pois o carro era bege, e não mostarda. A “mostarda”, era poeira, do barro vermelho que é , em seu todo, o calçamento da cidade.
Ninguém sofre mais com isso do que a Maria do Juarez, que depois da morte do pobre, sustenta os filhos como o lavar de roupa pra fora.
Já perdeu a conta das roupas que, do varal, voltaram para o tanque por causa do pó, que levanta da rua, quando um carro passa.
Certa manha, um matuto bem intencionado, encontrou-se com o prefeito na porta da prefeitura, e logo foi dizendo:
_Olha, eu tenho cá uma idéia, que vai resolver todos os problemas da cidade!
_Que idéia é esta? - Disse o prefeito.
_Uma idéia para asfaltar, praticamente de graça, toda a cidade!
_Ora, amigo, a cidade não tem dinheiro! Respondeu o prefeito.

_Mas, para asfaltar, não é necessário gastar dinheiro nenhum!-
respondeu o matuto.
_Como assim? Perguntou o prefeito, curioso.
_Ora, vamo asfaltar a cidade com a bosta de boi, ora! -respondeu o matuto, serio.
Foi uma gargalhada geral, entre os assessores do prefeito, que o acompanhavam.
O matuto, magoado, saiu, prometendo mostrar o que dizia.
Uma semana depois, um caminhão despachava à porta da prefeitura, uma mistura estranha, feita de bosta de vaca, capim seco, água e um quarto de cimento comum, e o matuto acompanhado por dois amigos, espalharam aquela mistura na rua de chão batido, alisando muito bem tudo. Em duas horas, a rua frente a prefeitura não tinha mais nem um centímetro de barro a vista e não havia mais uma poeira levantando do chão.
Quando o prefeito chegou, o matuto disse:
_Não falei? Asfaltei a rua e não custou nada pra cidade!
_Mas esta fedor? Perguntou o prefeito.
_Ora!- falou o Matuto _ eu prometi o asfalto, e cumpri! Não falei que seria um asfalto com odor de rosas!
Quem mandou o prefeito não saber fazer promessas?

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