Carlos Alberto Lopes

quarta-feira, junho 27

EPIFÂNIO

Naquela cidade, diversão era luxo de poucos, coisa pra gente de posição, que podia “jogar dinheiro fora”, como dizia seu Epifânio, que criara doze filhos, no rigor do trabalho.
Diversão, de fato, era luxo de poucos na pequena cidade, rodeada por pequenos sitiantes, como Epifânio.
Nada fazia Epifânio sair de casa, a não ser uma coisa: o chegar de um circo na cidade!
Quando a grande lona era montada, no terreno do lado da igreja, a cidade se modificada, ganhava vida e movimento, com crianças correndo de um lado para outro, tentando encontrar maneira de ver os artistas e os animais.
Quando, na manhã da estreia , o espetáculo era anunciado por toda a cidade, com cortejo dos artistas e dos animais, parecia que a cidade renascia.
Nestas ocasiões, Epifânio lavava os pés no riacho do sitio, colocava o terno de Domingo, passava brilhantina no cabelo e lá ia ele e a família, para a grande fila frente a entrada do circo.
Quando se iniciava o espetáculo, os olhos do velho Epifânio brilhavam a cada número!
Quando o palhaço aparecia, entretanto, Epifânio sentia as lágrimas rolarem em sua face.Nesta hora, Epifânio era outro homem, que se deixava levar

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