Carlos Alberto Lopes

segunda-feira, junho 25

PEDRO FILÓ

Pedro Filô era um daqueles que nasceram , e Deus esqueceu de dar juízo.
Já passava dos trinta anos, mas ainda vivia pelos terreiros, a dar corrida nas galinhas, empinando e fazendo quadrados, enfernizando a vida do gato, a quem amarrava latas ao rabo, só pra se divertir com o desespero do animal.
Estivera uns tempos em um hospital da capital, onde os médicos atestaram que, embora cronologicamente já passasse dos trinta anos, tinha ele mentalidade de um garoto de seus quatro anos, quando muito.
Mesmo tendo pouco juízo, Pedro Filô era um bom filho, sempre pronto a ajudar aos pais, quando chamavam.
Alto, bem apanhado, tinha ele a força de dois homens.
Vivia ele e a família, em cômodos alugados do coronel Justino, que tinha Pedro Filô em alta conta, visto que não tinha filho homem.
Coronel Justino tinha uma única filha, já com seus quinze anos e Pedro era companhia constante da menina.
Um dia, a filha do coronel Justino apareceu prenha.
Foi um Deus nos acuda!
As senhoras das redondezas comentavam o fato, e analisavam quem seria o pai.
Todos os rapazes da redondeza eram suspeitos, menos o pobre do Pedro Filo, pois não o julgavam capaz do feito.
A Joaninha, filha do coronel Justino, nunca revelou o nome do pai da criança, que nasceu nove meses depois .
O menino criou-se forte como um touro, mas com distúrbio mental, que os médicos , a quem o coronel Justino levou-o para consulta, alegaram que era um caso de atraso mental congênito, trazido desde a concepção.
O pai de Juaninha não entendeu nada que o medico disse, e trata o neto com o maior carinho.
São coisas da vida!

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