Carlos Alberto Lopes

sexta-feira, junho 29

O SANTO PADRE

Aquela pequena cidade tinha se unido e construído com as próprias mãos, a sua Igrejinha... Pequena no tamanho, mas grande na fé de seus paroquianos, que economizaram tostão por tostão, recolhendo o necessário para mandarem vir da Capital, a imagem de Nossa Senhora do Rosário, esculpida em Jacarandá a quem por querer comum, elegeram Padroeira do humilde lugarejo, que no mapa do Estado, figurava como "cidade", mas que na realidade era apenas uma "vila", com falta de tudo, menos da fé...
A imagem já estava na cidade há dez anos e todos os dias às oito horas em ponto, o sino de bronze dava as oito badaladas, levando para a pequena Nave, a maioria dos habitantes, que com fé imensa, escutavam e participavam da Santa Missa!
Quando anoitecia, e o relógio da Estação Ferroviária avisava que já eram sete da noite, novamente o sino tocava, e lá iam os fiéis de Nossa Senhora, para a Reza diária...
Vez por outra, a "dona morte", resolvia passar pelo local. Nestas ocasiões, a pequena Igrejinha, transformava-se no recinto em que os amigos do finado dele se despediam...
A água de sal era jogada nos recém-nascidos, acompanhada por clássicas palavras em latim...
Quem olhava a procissão de Nossa Senhora do Rosário, cortando a cidade de ponta a ponta, em 13 de maio, diria que nada havia de errado...
Mas quem observasse com maior cuidado, verificaria, que puxando a procissão; ministrando a Missa; abençoando aos recém-casados; molhando a cabeça dos recém-nascidos ou encomendando o espírito dos convidados de "dona morte", não estava um Padre, como seria o natural...
Quem fazia as vezes do Vigário, naquele local esquecido pelo Senhor Bispo, era "Pai Germino", benzedor e raizeiro, que morava na Rua do Morro, e que à sextas-feiras, movimentava o seu Terreiro de Candomblé!

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