Carlos Alberto Lopes

segunda-feira, junho 25

OS ALVES

A família Alves era o que se pode classificar de um grupo familiar austero, onde o pai ditava as regras e comandava os seus num regime bem próximo da disciplina militar.
A um simples olhar do pai, qualquer filho seu sentia-se literalmente humilhado, menos Álvaro, o caçula da pequena tropa, que tinha “cinco soldados rasos e duas soldadas rasantes” , apelido que Álvaro colocara na tropa.
As “soldadas rasantes” eram idênticas, pois eram gêmeas, e prendadas nas coisas do lar, visto que eram as mais velhas na tropas dos “sete subordinados” do General” e da “Generala”, como entres si, denominavam os pais.
Álvaro no entanto, embora obedecesse as ordens do “comando superior”, podia ser considerado como um rebelde naquela pequena tropa de elite, pois nunca deixada de fazer suas travessuras.
Sim. Tinha respeito aos pais, mas longe estava do pavor que seus irmãos sentiam do “comando superior”, seguia as ordens, mas o fazia ao seu modo, mantendo-se com a personalidade livre das influências dos pais.
Pois não foi Álvaro, que colou o chapéu do pai no cabide de casa da avó, no último Domingo de Páscoa? Não havia sido ele que soltara o tal sapo, na reunião para o chá, que a mãe organizara na sala de jantar, pouco antes do Natal? Não havia esvaziado os quatro pneus do carro de seu vigário, de quando da visita que o bom padre fez a família, quando Neuza pegou catapora?
Álvaro não deixava passar a oportunidade de divertir-se, não levando em conta as conseqüências. Tinha ele seus quinze anos ou menos, quando aprontou sua maior proeza.
Já a tempos, comentava com os irmãos que estava sentindo algo estranho”, e que crescera pêlos naquele lugar.
O Pai chamou-o e explicou certas coisas, de uma forma rude e rápida, sem haver maiores esclarecimentos, da mesma forma que havia explicado aos irmãos, quando estavam na mesma idade.
O menino começava a tornar-se homem, e a coisa agora era outra, pois as travessuras haviam de mudar de rumo, e foi o que aconteceu, quando uma prima., já mocinha, veio passar férias na casa dos Alves.
Criada fora da rigidez das primas, garota, já com seus quatorze anos, vestia-se com liberdade. Liberdade que Neuza e sua irmã não se permitiam, por ordem dos pais.
Mas a prima era visita, e o “Pelotão” ganhou nova “recruta”, mas com menos rigor a ela dispensado.
Álvaro, ao ver a prima circulando pela casa, com os joelhos a mostra, e os seios à saltar do colo, começou a pensar coisas que nunca havia permitido que passasse a léguas de sua imaginação, e começou verdadeiro cerco à prima .
Com o tempo, tornou-se verdadeira sombra da prima, seguindo-a como um cordeirinho faminto.
Não havia lugar que a garota estivesse, que lá não se encontrasse Álvaro com aquele seu olhar de pedinte esfomeado.
Certa feita, o alto comando” resolveu levar à tropa para almoçar fora. Foi uma correria!
No meio da confusão, a porta do quarto de hóspedes foi deixada entreaberta ,enquanto Flávia, a tal prima, trocava-se após o banho.
Álvaro, aproveitando a correria da casa, se postou frente a porta, só saindo dali quinze minutos depois, quando Flávia já estava totalmente vestida.
Embora já pronto para sair, Álvaro teve que trocar-se novamente, antes de entrar no carro do pai para o passeio.
No outro dia, pela manhã, a garota encarregada a lavagem da roupa da casa, encontrou as roupas de baixo do Álvaro como que úmidas, parecendo que haviam caído em um tonel de cola... ou coisa parecida.

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